Por que alguns professores comemoram o erro dos alunos enquanto outros o condenam
Os erros sempre foram motivo de constrangimento, tanto para quem os vivencia quanto para quem os presencia. A situação torna-se ainda mais embaraçosa se o evento é público, como em uma sala de aula e na presença de quem se busca aprovação e aceitamento, como um professor e os colegas de classe. Porém, errar é essencial em nossa profissão, vamos refletir sobre o por quê.
Uma prática comum que se observa no meio educacional é o destaque dos erros dos alunos e sua penalização. Em provas, testes, tarefas e trabalhos os erros são tratados como defeitos, induzindo sentimentos de culpa por não estar de acordo com os critérios de perfeição estabelecidos pelo professor. Essa cultura que teme o erro tem como vítima inclusive o próprio professor, que foge de situações que possam demonstrar sua fragilidade e desinformação, tais como experimentar novas estratégias de ensino ou novas tecnologias.
Este modelo está relacionado à teoria do Behaviorismo que tomou forma com pensadores como Watson (1913) e Skinner (1945), que acreditam na modelagem do comportamento através de estímulos e reforços positivos ou negativos. Ao elogiar o desempenho do aluno ou penalizá-lo por mau comportamento, espera-se que seu caráter seja moldado ao modelo do que se espera dele. Essa estratégia de manipulação das pessoas levou Skinner a pensar, em 1968, em uma máquina de estudar, na qual o aluno aprendia sozinho recebendo pontos positivos que o estimulavam a aprender mais, incrível, hein?
As gerações de professores atuais foram, em sua maioria, formada dentro deste método, assim é natural que ele seja comum em nossas salas de aula, porém, como professores aprendentes, é nosso dever atualizar-se e aprimorar nossa prática e a experiência de aprendizagem que proporcionamos aos nossos alunos.
O erro, para ser utilizado como fonte de virtude ou de crescimento, necessita de efetiva verificação, para ver se estamos diante dele ou da valorização preconceituosa de um fato; e de esforço, visando compreender o erro quanto à sua constituição (como é esse erro?) e origem (corno emergiu esse erro?). (LUCKESI, 1990)
A identificação do erro é um instrumento norteador da aprendizagem. Ele é visto como uma oportunidade para se refletir e planejar o progresso. Assim como um navegador usa uma bussola e um mapa no qual ele planeja seu percurso, o professor também precisa saber bem qual é o caminho a ser seguido pelo aluno e a sua posição nesta jornada.
Três dicas importantes
!) A cada início de tópico, tenha claro os objetivos de aprendizagem o os pré-requisitos de seus alunos;
2) Avalie a aprendizagem antes, para saber se eles possuem os pré-requisitos, durante, para saber se está no caminho certo, e depois para saber se eles chegaram lá.
3) Por último, fique atento às diversas formas de expressão de seus alunos. Os erros conceituais, carência de competências e habilidades podem ser identificados não somente através de provas, mas também das falas, relações e até mesmo das emoções. Ao observá-los, quanto antes atuarmos construtivamente para redirecionarmos nossos alunos, menor será o trabalho e o tempo para se alcançar os objetivos.
Dia 01 de Maio começam as inscrições do curso Professores Inovadores, nele vamos aprofundar ainda mais esse tema.
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Para saber mais
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Como montar um plano de aula com objetivos claros de aprendizagem
Referências
LUCKESI, Cipriano Carlos. Prática escolar: do erro como fonte de castigo ao erro como fonte de virtude. São Paulo, 1990.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Artmed editora, 2015.