O professor e a disputa pela atenção dos alunos.
A grande maioria dos professores, como eu, aprenderam sua profissão através de aulas tradicionais e expositivas. Mesmo naquelas disciplinas da pedagogia que falavam de métodos construtivistas, as aulas eram ou expositivas ou discussão de textos dos autores.
Infelizmente na faculdade de pedagogia ou nas licenciaturas, não há um laboratório em que os ensinamentos deste renomados autores poderiam ser colocados em prática. Aprendemos que só se aprende a ser professor mesmo entrando em uma sala de aula e fechando a porta atrás de si para que nenhum aluno fuja.
Tenho a impressão, posso estar errado, que antigamente não havia tanta competição pela a atenção dos alunos. Os alunos conseguiam ficar por muito mais tempo prestando atenção no professor, há inclusive estudos indicando que realmente a capacidade de reter a atenção por um determinado tempo está diminuindo através das gerações (Tokuhama-Espinoza, 2008)
Como o professor já não é mais a única e mais interessante fonte de conhecimento, precisamos pensar em estratégias para que o aluno aprenda, mesmo não sendo diretamente através de você.
Durante sua aula, é possível aventurar-se e pedir aos alunos que busquem o conteúdo necessário para a maioria das atividades escolares, cotidianas ou profissionais. É claro que muitos ainda não sabem realizar uma pesquisa e provavelmente não encontrarão o conteúdo que você imaginou inicialmente.
Apesar desta geração usufruir desta facilidade, a simples exposição das informações pelas mídias não necessariamente resulta na construção adequada do conhecimento. Ou seja, é necessário promover o conhecimento saudável, a mentalidade crítica, criativa e emocionalmente equilibrada. O professor, como o adulto desta relação, é o guia que direciona os alunos nesta jornada.
Assim, manter um blog como este que você está lendo talvez seja uma boa ideia. Nele é possível organizar as informações que seus alunos acessarão e assim assegurar-se de que pelo menos os objetivos básicos serão alcançados.
Quando eles se familiarizarem com o uso responsável do dispositivo móvel, você pode aos poucos solicitar pesquisas em outras fontes confiáveis. Uma que eu sempre recomento é o Youtube Edu.
Pode-se também utilizar metodologias ativas na aprendizagem, tais como o ensino híbrido. Nele, o método que mais gosto é o de rotação por estações, na qual a turma é dividida em grupos de alunos heterogêneos e eles rotacionam através de estações de aprendizagem a cada intervalo de tempo.
Cada estação deve possuir uma estratégia diferente para que os alunos aprendam um dos tópicos que compõem a aula. Pode-se, por exemplo, ensinar a soma de frações montando estações que falam sobre decomposição de números em fatores primos, frações equivalentes, soma de frações com mesmo denominador, etc… As estações podem explorar vídeos, textos, apostilas, experimentos e assim por diante, o importante é que os alunos aprendam de modo diferente.

Foto por Christina Morillo em Pexels.com
Pensar no espaço também é muito importante. Os alunos geralmente passam a manhã inteira dentro da mesma sala de aula, que tal você explorar outros espaços interessantes em sua escola? O pátio que possuem mesas de lanche podem ser transformado em um espaço para grupos de trabalho. A biblioteca também é um espaço que gosto muito de usar, pois já está bem adequado para a proposta de estudo em grupo.
Para saber mais
http://educacaodeficiente.blogspot.com/2011/07/dilema-de-mestre-atencao-do-aluno-dura.html
TOKUHAMA-ESPINOSA, Tracey Noel. The scientifically substantiated art of teaching: A study in the development of standards in the new academic field of neuroeducation (mind, brain, and education science). 2008. Tese de Doutorado. Capella University.